Vendas on-line no país já superam 49 shoppings de SP

Cintia Esteves e Maeli Prado

O comércio eletrônico dá uma rasteira no varejo tradicional. No primeiro semestre, as lojas on-line no Brasil faturaram R$ 7,8 bilhões, superando as vendas conjuntas de 49 shopping centers de São Paulo.

Juntos, os shoppings registraram R$ 7,2 bilhões entre janeiro e julho deste ano.

Os dados são de uma pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) em parceria com a E-bit, empresa especializada em informações de comércio eletrônico, obtida com exclusividade pelo Brasil Econômico.

Como shopping center a Fecomercio considera empreendimentos com pelo menos uma loja âncora – grandes redes de vestuário como C&A e Renner são exemplos -, e com pelos menos três ramos de atividades diferentes.

Para este ano, a expectativa é que a receita do comércio eletrônico chegue a R$ 14,3 bilhões, alta de 35% em relação a 2009. Neste ano, até agora, a alta foi de 41%em relação a igual período de 2009.

“Esse crescimento ocorre a taxas muito elevadas desde que a E-bit foi criada, em 2001. Mas passar de R$ 10,6 bilhões em 2009 para R$ 14,3 bilhões é realmente significativo”, diz Alexandre Umberti, diretor de marketing e produtos da empresa.

Para o especialista, uma das explicações para tal crescimento está nos consumidores da classe C que chegam na internet à procura de preços baixos, influenciados por amigos que tiveram boas experiências de compra através deste canal.

Soma-se a isto a redução do imposto sobre produto industrializado (IPI) para produtos de linha branca como geladeiras e fogões, que terminou no início deste ano, e a Copa do Mundo, responsável por alavancar a venda de aparelhos de televisão.

“Atraídos por preços mais baixos na web, os consumidores têm visitado as lojas físicas para depois fechar a comprar pelo site. A loja muitas vezes vira um show-room da web”, afirma Antônio Carlos Borges, diretor executivo da Fecomercio-SP.

“A classe C está chegando agora na internet e ela não tem o mesmo perfil de uso, nem a mesma experiência das pessoas que começaram comprar lá em 2001”, diz Umberti.

O especialista afirma que há alguns anos a primeira compra de um internauta era de produtos como livros, CDs e DVDs, ou seja, itens de baixo valor e, portanto, de pouco risco.

“Hoje as pessoas não têm mais medo. Atualmente o tíquete médio é R$ 400, mas já foi bem mais baixo no passado”, afirma Umberti.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que 67,9 milhões de pessoas usaram a internet no ano passado no Brasil, incremento de 12 milhões de usuários em relação a 2008.

Até 2014, o governo federal espera que metade dos domicílios do país tenha acesso à internet banda larga, conforme prevê o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).

A previsão da indústria é de que até o final deste ano sejam vendidos por volta de 14 milhões de computadores.

Futuro

Enquanto eletroeletrônicos e eletrodomésticos ganham destaque na web, a venda de CDs e DVDs perdem espaço.

Um dos motivos é a pirataria, dizem os especialistas. Em meio a tantas mudanças fica a questão: um dia o consumidor deixará de sair de casa para comprar?

“Não é realístico pensar assim. Quando o serviço de bankfone foi criado, diziam que as agências acabariam. De tempos em tempos, criam-se canais com custos de transação muito melhores para os bancos, mas as agências não desapareceram”, afirma.

Segundo Umberti, as pessoas vão continuar saindo de casa para fazer o que não é possível pela internet.

Trocar produtos e ver cores das roupas ao vivo são alguns exemplos. “As lojas físicas vão se transformar, mas não acabar”, diz.

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