AOL quer virar referência de jornalismo nos Estados Unidos

O portal americano AOL, que já contratou 900 jornalistas, contrata 40 repórteres todos os meses

Prédio da AOL, em Palo Alto, na Califórnia: contratações de jornalistas em série para produção de conteúdo

Apesar de sua história ser marcada por tropeços e opções equivocadas, os movimentos do portal americano AOL são acompanhados com grande interesse pelo mercado e pelos especialistas em mídia. O movimento mais recente do portal é a aposta firme em jornalismo eletrônico. Os executivos da AOL estão convencidos de que, com o desmoronamento da tiragem dos jornais e revistas, as pessoas se abastecerão de informação via internet. Aqueles que se posicionarem como referências na produção de jornalismo de primeira qualidade terão mais chance para brigar por espaço no novo desenho do mercado de mídia.

Nos últimos dois anos, a AOL comprou vários sites que são referência na produção de conteúdo. A aquisição mais recente foi a do baladado site “The Huffington Post”, anunciada com estardalhaço na segunda-feira, 7 de fevereiro, negócio fechado por US$ 315 milhões. “As pessoas pensam no Google para a pesquisa e na Amazon para o comércio eletrônico. Eu acredito que no futuro elas vão pensar na AOL para conteúdo”, disse Tim Armstrong, CEO da AOL, em uma entrevista em 2010.

Armstrong promete aumentar radicalmente a produção de conteúdo da AOL, sempre mantendo gratuito o acesso aos sites ligados ao portal. Duas semanas atrás, informações sobre o plano de investimentos em jornalismo da AOL vazaram na internet. O chamado “The AOL Way” é explicado em 58 slides. O plano apresenta metas para aumentar a produção de conteúdo, principalmente na área de notícias. Se atualmente a AOL publica 31 mil reportagens por mês, até abril a empresa deverá produzir mais de 40 mil, um aumento de 27%. Mais do que isso: se atualmente cada matéria é visitada 1.512 vezes, Armstrong quer que esse número aumente em 365%, completando 7 mil “pageviews” por matéria em apenas dois meses.

“A receita não é nova, mas o nível de ambição de Armstrong pode fazer a diferença”, comenta Ava Seave, professora de negócios da Universidade de Columbia, em Nova York. De acordo com o especialista em mídia da New York University, Clay Shirky, vai sempre existir necessidade de filtros novos e melhores na internet. “Se ele for por esse caminho, ele vai encontrar um lugar ao sol para a AOL”, afirma Shirky.

A lógica da AOL é a seguinte: o aumento de notícias poderá aumentar o número de leitores viabilizando o aumento de publicidade no site. Enquanto os jornais editados em papel vivem uma crise sem precedentes, cortando despesas e demitindo, a AOL contratou 900 jornalistas em 2010 e continua contratando em média 40 novos profissionais por mês. O projeto passa não apenas por aumentar a fatia da AOL na receita publicitária que já está no mercado online, mas por avançar sobre os investimentos publicitários atualmente destinados para o jornalismo editado em papel.

O acordo de compra do “The Huffington Post” é a aposta mais importante da AOL no jornalismo e notícias. O “Huffington Post” vai dar a chance da AOL criar o que Armstrong, o CEO da AOL, chama de “a nova geração americana de comunicação, com acesso global que combina conteúdo, consumo e mídia sociais”.

Arianna Huffington, a fundadora do “HuffPost”, vai assumir a posição de diretora editorial de grande parte da AOL. “Ela tem carisma, fama e reconhecimento. Tudo o que a AOL precisava para conquistar mais leitores”, de acordo com a analista Laura Martin, da consultoria Needham and Co. A AOL assinalou em um comunicado que o novo grupo, criado com o Post e a empresa, “contará com 117 milhões de visitantes em um único mês nos Estados Unidos e 270 milhões ao redor do mundo”.

Coleção de conteúdo

O portal já conta com uma importante coleção de blogs e sites de notícias, como o “DailyFinance”, o “Engadget”, “FanHouse” e o “Politics Daily”, do tradicional colunista Walter Shapiro, ex-“Newsweek” e “Time”. Para ampliar a produção, a AOL está concluindo um ciclo de aquisições que começou um ano atrás.

A primeira aquisição da AOL depois de contratar Armstrong foi “Patch”, o jornal de bairro na internet, desenvolvido pelo próprio Armstrong e um amigo seu, mas do qual o CEO abriu mão do lucro para vender-lo à AOL.

Em setembro de 2010 o portal comprou outros três sites. O primeiro, “5 Min Media”, é apresentado pela AOL como uma das maiores videotecas de banda larga da internet, e claramente objetiva aumentar a quantidade de conteúdo em vídeo no portal. O segundo é “Thing Labs”, empresa com sete funcionários que desenvolve softwares gratuitos que possibilitam uma navegação mais fácil dos sites de mídia social e transferência de arquivos, como fotos. O terceiro, “TechCrunch”, é um blog de tecnologia que oferece informações e análises de novos produtos e softwares, opiniões e ideias e milhares de comentários de usuários. O “TechCrunch” tem cerca de 50 funcionários e mais de 30 milhões de visitas por mês.

“A AOL estava fazendo compras até agora. Eles compraram o “Techcrunch”, o “5 Minutes Media” e o “Things Labs” cinco meses atrás. Agora eles fizeram a maior compra, o “Huffington Post”. Provavelmente a empresa vai fechar a carteira agora e trabalhar na consolidação desses negócios”, diz Andrew Sorkin , colunista “NYT”.

“O mercado de notícias não está passando por uma transformação, ele está explodindo, se autodestruindo em pedacinhos, e ninguém sabe prever no que ele vai se transformar”, afirma Shirky. “Mas pelo menos agora a AOL parece haver um plano”.

Fonte: economia.ig.com.br

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